quinta-feira, 15 de maio de 2014

MUSICA e o Ambiente Filosófico


A música, assim como o filme, tem a mesma magia de tomar o ser para outro mundo. Mas com uma diferença. Ela não mostra um mundo, ela faz o mundo ser sentido por nós. Quantas pessoas ficam estáticas ao som de uma melodia que as remete ao passado?

O pensador Theodor Adorno realizou grandes estudos envolvendo essa forma de arte, e incentivava seu uso para a instrução do individuo. Como professores, podemos buscar essa arte como meio para a filosofia se manifestar nos sentidos. Não digo que devemos pensar como Adorno, que fazia elogio apenas para a música erudita, e menosprezava os outros estilos, dizendo que era uma produção da indústria cultural para manter o controle sobre a população. Toda a música pode ser usada em sala de aula, pois toda a música é uma forma de sentir, toda a música é uma arte. Citando Adorno, poderemos compreender perfeitamente o sentido da música.

 

(...) a música constitui, ao mesmo tempo, a manifestação imediata do instinto humano e a instância própria para o seu apaziguamento. Ela desperta a dança das deusas, ressoa da flauta encantadora de Pã, brotando ao mesmo tempo da lira de Orfeu, em torno da qual se congregam saciadas as diversas formas do instinto humano. (ADORNO, 1983, pág. 165)

 

O professor poderá usar desta arte para colocar seus alunos em contato com o seu ser, seus instintos, assim como tocar o outro representado na música. Fica claro o poder libertador que tem a música em nosso consciente, e isso pode ser uma nova forma fenomenológica de ensinar a filosofia. Com uma letra de Chico Buarque de Holanda, como a música “Filosofia”, temos a chance de entrar na mente do autor, vivenciar seus medos, e através dela, também ver a história da época em que foi criada.

A música também é uma aliada do ensino, e assim como a arte, que a engloba, poderá tornar o jovem um sujeito conhecedor desta disciplina, uma disciplina que agora busca seu lugar no ensino, ao qual todos aqueles que a buscam não ficam incólume. Uma outra idéia é buscar o dialogo entre todos os alunos através das músicas. Colocar o gosto musical perante o grupo, assim como poderemos fazer com a literatura, será de ajuda para a abertura de um dialogo sobre o julgamento do gosto. A obra Crítica do Juízo, de Immanuel Kant poderá ser aplicada junto com os alunos como uma linha mestra das discussões, tornado este estudo parte de suas vivências. Também poderemos usar as obras da escola de Frankfurt, chegando a uma concepção do estético em comunhão com os alunos. Assim, vislumbraremos a miscigenação que a música cria na sociedade, assim como a separação que ela implica. Os problemas causados com a música no processo da vivência, onde o outro é o diferente, termina por criar barreiras entre os homens.

A música como forma de tocar os sentidos, é uma forma fenomenológica de atingir o conhecimento, mostrando um sujeito participante deste saber.

 

(...) Todo o saber se instala nos horizontes abertos pela percepção. (...) O sujeito da percepção permanecerá ignorado enquanto não soubermos evitar a alternativa do natural e do naturante da sensação como estado de consciência e como consciência de um estado, da existência em si e da existência para si. Retomemos pois à sensação e olhemo-la de tão perto que ela nos ensine a relação viva daquele que percebe com seu corpo e com o mundo. (MERLEAU-PONTY, 1971, pág. 214-215)

 

Esta aura que é percebida nas artes faz com que toquemos nosso ser. Amadeus Mozart procurava, com sua obra musical, atingir o divino. Ele é considerado o quinto Evangelista, pelo poder que suas músicas tem de nos tomar para a visão de Deus. Esta forma de atingir os sentidos pela música também mostra o poder que o corpo tem de atingir o conhecimento. Platão bem sabia do poder da música para a alma. Junto a ele, poderemos colocar Aristóteles, Hegel, Nietzsche, Schopennhauer, Adorno, e vários outros grandes ícones da filosofia para que juntos, apreciem a grande forma de tocar o ser que a música espira.

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