terça-feira, 26 de agosto de 2014

A POLítiCa no BRAsiL


Nestes últimos dias, com a aproximação das eleições no Brasil, aconteceu de aparecer nas minhas mãos o exemplar numero 320 da revista Super Interessante, de julho de 2013. Com o titulo ‘Porque nossa política é tão Burra’, eu percebi uma grande oportunidade de criar uma aula, dando informação de como funciona nossa maquina publica.

Parece brincadeira, mas isso aconteceu mesmo. A revista apareceu nas minhas mãos. Estava jogada na mesa da sala dos professores, e após lê-la, não consegui deixar de lado as informações ali contidas.

Fiz um pequeno jogo de slides, e estou agora postando aqui e na pasta do 4shared. Quem quiser, sinta-se a vontade de pegar e usar. Passe adiante as informações contidas, pois o que nosso país precisa é de informação sobre o que acontece na política.
Abraços a todos.

segunda-feira, 30 de junho de 2014

O ALCOOLISMO e a Filosofia


Uma coisa pouco falada é o problema da bebida alcoólica na sociedade; isso não é apenas na escola, mas em todos os setores do convívio humano. Mas o álcool é um problema filosófico ou não? Pelo menos, o álcool deve ser tratado como problema social, uma droga com tanto potencial destrutivo quanto o cigarro e as drogas ilícitas.

Mas como fazer isso, se a bebida alcoólica é associada com festa, alegria e beleza?

Em minhas aulas, é aqui que entra a declaração de Gilles Deleuze, na sua entrevista intitulada Abecedário de Deleuze, de 1988.

 

“Tudo bem beber, se drogar, pode-se fazer tudo o que se quer, desde que isso não o impeça de trabalhar, se for um excitante é normal oferecer algo de seu corpo em sacrifício. Beber, se drogar são atitudes bem sacrificais. Oferece-se o corpo em sacrifício. Por quê? Porque há algo forte demais, que não se poderia suportar sem o álcool. A questão não é suportar o álcool, é, talvez, o que se acredita ver, sentir, pensar, e isso faz com que, para poder suportar, para poder controlar o que se acredita ver, sentir, pensar, se precise de uma ajuda: álcool, droga, etc.”

 

O primeiro passo para colocar essa entrevista em discussão é determinar com o grupo que a bebida alcoólica não é maligna. Ela tem malefícios, mas não é maligna. A pessoa que bebe álcool não se torna má. Ela tem o álcool como um estimulante, e neste sentido Deleuze impõe a responsabilidade de bebê-la no usuário.

 

“A fronteira é muito simples. Beber, se drogar, tudo isso parece tornar quase possível algo forte demais, mesmo se se deve pagar depois, sabe-se, mas em todo caso, está ligado a isto, trabalhar, trabalhar. E é evidente que quando tudo se inverte, e que beber impede de trabalhar, e a droga se torna uma maneira de não trabalhar, é o perigo absoluto, não tem mais interesse, e, ao mesmo tempo, percebe-se, cada vez mais, que quando se pensava que o álcool ou a droga eram necessários, eles não são necessários.”

 

A bebida é tratada como suporte à pessoa, e se ela não nos impede de trabalhar, ela pode ser consumida sem maiores problemas. Aqui, faço uma resalva. O conceito ‘trabalho’ para Deleuze é entendido na mesma via de Marx: trabalho é todo o fazer humano.

 

“Talvez se deva passar por isso, para perceber que tudo o que se pensou fazer graças a eles podia-se fazer sem eles. (...) Eu tenho menos mérito, porque parei de beber por razões de respiração, de saúde, etc., mas é evidente que se deve parar ou se privar disso. A única justificação possível é se isso ajuda o trabalho. Mesmo se se deve pagar fisicamente depois. Quanto mais se avança, mais a gente diz a si mesmo que não ajuda o trabalho...”

 

O pensador reconhece sua fraqueza para com a bebida alcoólica.

 

(...) Eu tive a sensação de que isso me ajudava a fazer conceitos, é estranho, a fazer conceitos filosóficos. Ajudava, depois percebi que já não ajudava, que me punha em perigo, não tinha vontade de trabalhar se bebesse. Então se deve parar. É simples.

 

A responsabilidade pela bebida está na pessoa, mas é aqui que coloco em discussão a visão de nossa sociedade em relação ao álcool. Por que tratamos como normal uma pessoa largada na ‘sarjeta’, totalmente alcoolizada, e vimos com desconfiança um grupo de pessoas que usam da maconha em vias publicas?

 

“Novo estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), feito com 7 mil famílias em 108 cidades do Brasil, comprova que o álcool funciona como "combustível" da violência doméstica. Nas entrevistas feitas durante um ano, os pesquisadores identificaram que em quase metade das agressões que acontecem dentro de casa (49,8%) o autor das surras estava embriagado. A relação entre bebida alcoólica e maus-tratos já era considerada pelos especialistas, mas a evidência científica foi comprovada nacionalmente só com o ensaio científico.”


 

O álcool é o principal combustível da violência domestica no Brasil. O objetivo principal deste trabalho é discutir com o aluno essa visão apaziguada do alcoólatra na sociedade. A bebida alcoólica é vendida tranquilamente para nossos jovens, em qualquer supermercado. Esse pré-julgamento de que a bebida não faz mal para a nossa sociedade está vinculada a que setor ou grupo empresarial? A quem beneficia acobertar os malefícios do álcool para a mídia?

 

Observação: os Slides usados em aula estão disponíveis na pasta do 4Shared.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

UM MaLUCo no CAMPO Filosófico


Raul Seixas é um musico brasileiro que teve seu auge no final dos anos 60 até meados dos anos 80. Um crítico ferrenho da vivência social humana, Raul Seixas criou musicas que tocavam a alma dos ouvintes. Várias delas pode ser material didático de filosofia em diferentes áreas, desde a ética até a hermenêutica. Mas, uma em especial me chamou atenção: Gospel.

A letra desta musica é composta de perguntas, sendo que nunca é apresentada alguma resposta. Na época de sua divulgação, a censura brasileira vetou varias partes, e isso fez que Raul a reescrevesse, dando origem a musica ‘POR QUE’. Mas ‘Gospel’ é uma musica que em sua letra é estritamente filosófica, sendo que podemos fazer um trabalho diretamente para com o aluno. Essa é a letra:

Gospel
Raul Seixas

"Por que que o sol nasceu de novo e não amanheceu?
Por que que tanta honestidade no espaço se perdeu?
Por que que Cristo não desceu lá do céu e o veneno só tem gosto de mel?
Por que que a água não matou a sede de quem bebeu?
 
Por que que eu passo a vida inteira com medo de morrer?
Por que que os sonhos foram feitos pra gente não viver?
Por que que a sala fica sempre arrumada se ela passa o dia inteiro fechada?
Por que que eu tenho caneta e não consigo escrever? (escrever)
 
Por que que existem as canções e ninguém quer cantar?
Por que que sempre a solidão vem junto com o luar?
Por que que aquele que você quer tão bem já tem sempre ao seu lado outro alguém?
Por que que eu gasto tempo sempre, sempre a perguntar? (perguntar)"

 Uma coisa que foi feita em aula foi responder as questões propostas por Raul. Cada aluno escreveu a letra em seu caderno e ia respondendo elas com sua forma de entendimento. Nisso, saiu umas respostas extraordinárias. Gostei muito da leitura dos textos deles. A parte boa desta prática é a imaginação dos alunos. Ser professor é uma coisa surpreendente, e os alunos nos surpreendem a cada momento.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

MUSICA e o Ambiente Filosófico


A música, assim como o filme, tem a mesma magia de tomar o ser para outro mundo. Mas com uma diferença. Ela não mostra um mundo, ela faz o mundo ser sentido por nós. Quantas pessoas ficam estáticas ao som de uma melodia que as remete ao passado?

O pensador Theodor Adorno realizou grandes estudos envolvendo essa forma de arte, e incentivava seu uso para a instrução do individuo. Como professores, podemos buscar essa arte como meio para a filosofia se manifestar nos sentidos. Não digo que devemos pensar como Adorno, que fazia elogio apenas para a música erudita, e menosprezava os outros estilos, dizendo que era uma produção da indústria cultural para manter o controle sobre a população. Toda a música pode ser usada em sala de aula, pois toda a música é uma forma de sentir, toda a música é uma arte. Citando Adorno, poderemos compreender perfeitamente o sentido da música.

 

(...) a música constitui, ao mesmo tempo, a manifestação imediata do instinto humano e a instância própria para o seu apaziguamento. Ela desperta a dança das deusas, ressoa da flauta encantadora de Pã, brotando ao mesmo tempo da lira de Orfeu, em torno da qual se congregam saciadas as diversas formas do instinto humano. (ADORNO, 1983, pág. 165)

 

O professor poderá usar desta arte para colocar seus alunos em contato com o seu ser, seus instintos, assim como tocar o outro representado na música. Fica claro o poder libertador que tem a música em nosso consciente, e isso pode ser uma nova forma fenomenológica de ensinar a filosofia. Com uma letra de Chico Buarque de Holanda, como a música “Filosofia”, temos a chance de entrar na mente do autor, vivenciar seus medos, e através dela, também ver a história da época em que foi criada.

A música também é uma aliada do ensino, e assim como a arte, que a engloba, poderá tornar o jovem um sujeito conhecedor desta disciplina, uma disciplina que agora busca seu lugar no ensino, ao qual todos aqueles que a buscam não ficam incólume. Uma outra idéia é buscar o dialogo entre todos os alunos através das músicas. Colocar o gosto musical perante o grupo, assim como poderemos fazer com a literatura, será de ajuda para a abertura de um dialogo sobre o julgamento do gosto. A obra Crítica do Juízo, de Immanuel Kant poderá ser aplicada junto com os alunos como uma linha mestra das discussões, tornado este estudo parte de suas vivências. Também poderemos usar as obras da escola de Frankfurt, chegando a uma concepção do estético em comunhão com os alunos. Assim, vislumbraremos a miscigenação que a música cria na sociedade, assim como a separação que ela implica. Os problemas causados com a música no processo da vivência, onde o outro é o diferente, termina por criar barreiras entre os homens.

A música como forma de tocar os sentidos, é uma forma fenomenológica de atingir o conhecimento, mostrando um sujeito participante deste saber.

 

(...) Todo o saber se instala nos horizontes abertos pela percepção. (...) O sujeito da percepção permanecerá ignorado enquanto não soubermos evitar a alternativa do natural e do naturante da sensação como estado de consciência e como consciência de um estado, da existência em si e da existência para si. Retomemos pois à sensação e olhemo-la de tão perto que ela nos ensine a relação viva daquele que percebe com seu corpo e com o mundo. (MERLEAU-PONTY, 1971, pág. 214-215)

 

Esta aura que é percebida nas artes faz com que toquemos nosso ser. Amadeus Mozart procurava, com sua obra musical, atingir o divino. Ele é considerado o quinto Evangelista, pelo poder que suas músicas tem de nos tomar para a visão de Deus. Esta forma de atingir os sentidos pela música também mostra o poder que o corpo tem de atingir o conhecimento. Platão bem sabia do poder da música para a alma. Junto a ele, poderemos colocar Aristóteles, Hegel, Nietzsche, Schopennhauer, Adorno, e vários outros grandes ícones da filosofia para que juntos, apreciem a grande forma de tocar o ser que a música espira.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Link PARA TODOS


Eu tenho usado alguns textos, sendo que todos são PDF ou JPG. Eu baixei tudo na grande rede, e estou dando o link das obras em uma pasta no 4Shared. Está tudo lá. As explicações do tema central (Anime e História em Quadrinho) foram retiradas de minha tese monográfica, que também está lá.  Bom proveito.

http://www.4shared.com/account/home.jsp#dir=iYEYR46h

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Sonho ou Loucura para NORTON I



Neil Gaiman é um expoente escritor no mundo, e isso se deve muito pelo sucesso de Sandman. O Sonho dos Perpétuos é uma representação antropomórfica da habilidade inata de sonhar dos humanos. Quando fechamos os olhos e imaginamos grandes asas que nos faz voar, ou quando nos atiramos de um grande edifício em um pesadelo recorrente, é no mundo de Sandman que caminhamos (ou nos atiramos, para condizer com o relato). O sonhar é o reino de Sandman. Ele tem imensos poderes, mas esses poderes são apenas usados para a humanidade criar, sonhar com algo sempre maior.
Na edição 31 de Sandman – Três Setembros e Um Janeiro, entramos em contato com a história de Norton I, o primeiro e único imperador dos Estados Unidos da América. Instigado pela irmã Desespero, Sonho coloca na mente de Norton a ideia de proclamar-se o imperador daquele país. Isso deveria permitir que Norton nunca caísse em desespero, nunca tivesse desejo e não caísse em loucura até a sua morte. Um jogo de Sonho com seus outros irmãos. Em toda a trama, somos envolvidos pela ingenuidade de Norton I no mundo. Sua visão da sociedade humana carrega inocência, um frescor muito próximo de nossa infância. É uma fábula moderna.
Não muito diferente da Loucura de Erasmo. Em seu auto-proclamado elogio, a Loucura exemplifica as várias atitudes dos loucos como superior às atitudes dos homens ditos como sãos. Erasmo compreende a loucura como característica natural do homem, e sem ela, nada poderia existir. Veja um exemplo:

“(...) Dizei-me por obséquio: um homem que odeia a si mesmo poderá, acaso, amar alguém? Um homem que discorda de si mesmo poderá, acaso, concordar com outro? Será capaz de inspirar alegria aos outros quem tem em si mesmo a aflição e o tédio? (...) Ora, se me excluirdes da sociedade, não só o homem se tornará intolerável ao homem, como também, toda vez que olhar para dentro de si, não poderá deixar de experimentar o desgosto de ser o que é, de se achar aos próprios olhos imundo e disforme, e, por conseguinte, de odiar a si mesmo.” (pág. 16)

É da natureza humana o amor próprio, e sendo ele um sentimento tão louco, é da natureza humana a loucura. Segundo esse argumento, o homem tem amor por si mesmo sendo o pior ser humano da terra. Claro que temos exemplos que desmitificam essa afirmação, pois se Hitler tivesse amor próprio no fim da guerra, não teria se suicidado. Isso é apenas um exemplo. Mas Erasmo diz que esses governantes não eram loucos, mas sim, amantes das artes e da filosofia.

“(...) Se consultardes os historiadores, verificareis, sem dúvida, que os príncipes mais nocivos à república foram os que amaram as letras e a filosofia.” (pág. 18)

Voltando aos quadrinhos. Norton I, em um diálogo com o Rei da Dor, expõe que nunca teve ambições. Seu subalterno Ah How descreve uma prisão de Norton, e a fala do juiz na sua soltura: “O senhor Norton não derramou sangue algum, não roubou ninguém e não pilhou nenhum país. O que é mais do que pode ser dito da maioria dos sujeitos do ramo de rei.” Um rei sem ambição já pode ser dito como um bom rei. E um rei sem ambição é um rei louco.

“Todos vós estais convencidos, por exemplo, de que um rei, além de muito rico, é o senhor dos seus súditos. Mas, se ele tiver no peito um coração brutal, se for insaciável na sua cobiça, se nunca se mostrar satisfeito com o que possui, não concordareis comigo que é miserabilíssimo? Se ele se deixar transportar por seus vícios e por suas paixões, não se tornará um dos escravos mais vis?.” (pág. 29)

Neste aspecto, a loucura é a única forma de sermos felizes. A loucura nos mostra a verdade. Todo o louco é verdadeiro, mesmo não sendo levando a sério.

“(...) Os meus loucos (...) têm uma vida totalmente oposta [a dos sábios] e observam, para com os príncipes, todas as maneiras que mais costumam agradar, divertindo os outros com mil chacotas e bobagens, com ditos satíricos, com caretas e disparates de fazer qualquer pessoa rebentar de riso. Notai, de passagem, o privilégio que têm os bobos de poder falar com toda a sinceridade e franqueza. Haverá coisa mais louvável do que a verdade?” (pág. 27)


Nos quadrinhos, Sonho e Delírio conversam se Norton I ainda é uma pessoa sã. O diálogo seguinte, entre Norton e Mark Twain, Norton confidência o seguinte: “As pessoas riem de mim... sabia, Sam?
- Você não se importa com isso, majestade?
- E por que deveria, Sam? Deixem que riam. Ainda sou o imperador.” (pág. 12)


A loucura nos mantém sãos; a loucura nos mantém verdadeiros. Isso é ilógico, mas a vida também demonstra incongruências. A vida é uma constante loucura, e a loucura que permite a felicidade. Erasmo tem uma certa razão neste assunto. Necessitamos de certa loucura para não cair em loucura. Esse diálogo demonstrou coisas que os homens tentam esconder, mas que sempre iremos carregar conosco: nosso verdadeiro ser.

HISTÓRIA EM QUADRINHO


História em quadrinho é um contar histórias com as imagens. Elas estão presentes nos jornais, em formas de tiras diárias, ou em revistas que denominamos infantis ou infanto-juvenis. Fazem parte de nosso imaginário, de nosso mundo. São fontes de lazer e entretenimento, assim como a literatura, e como ela, nós fugimos do cotidiano para entrar em outro mundo, repleto de novas histórias e grandes personagens. Essa aproximação com a literatura mostra uma arte com características parecidas, mas que carrega também diferenças básicas.
O método para contar a história segue uma dinâmica diferente, pois as histórias em quadrinhos não precisam relatar os movimentos dos personagens, já que fica explicito na imagem que o segue. O falar, pensar, a raiva, alegria, o choro, o barulho, tudo isso tem uma forma imagética de se mostrar. Uma descrição de um evento pode ter uma grande quantidade de paginas para sua feitura pela literatura, mas uma única página de história em quadrinho poderia suprimir o tempo para o entendimento, dando uma entrada mais rápida do leitor naquilo que ele busca compreender (aqui poderíamos pensar se essa entrada na história, realizada pelo quadrinho, pode ser tão profunda quanto a literatura, mas vamos deixar isso pra mais tarde).
O aparecimento das artes gráficas na Europa, unindo ilustração e texto, pode ser chamado de a origem das histórias em quadrinhos, mas sua popularização e autonomia só vieram mesmo nos Estados Unidos da América, no final do século XIX. É neste momento que aparecem as “comics”, ou seja, suplementos dos jornais daquela época. Era um caderno a parte, mas os jornais sentiram uma influência positiva nas suas vendas exatamente por esses suplementos. Na verdade, o momento em que as histórias em quadrinhos são consideradas um novo movimento de arte, uma nova Arte, é nos anos 30. Em meados dos anos 40, surge a primeira crítica a ela, feita pelo Doutor psiquiatra Frederic Wertham, na obra Sedução dos Inocentes, sofrendo por isso uma aversão nos meios acadêmicos. Na década seguinte, as histórias em quadrinhos assumem novamente seu lugar de destaque nos meios de comunicação, inspirando movimentos de arte da qual são nomeados de ‘pop-art’, e sendo valorizado como fonte de inspiração. Nesta época é que aparecem pela primeira vez os Super-Heróis, ou seja, vigilantes que protegem a população com seus poderes. São desta época os personagens: Super-Homem (personagem que veste as cores da bandeira americana e luta por esses ideais patrióticos), Batman, Capitão América (um soldado americano lutando contra os nazistas), Fantasma, Tocha Humana, Namor, Capitão Marvel, Lanterna Verde, etc. Não é a toa que essa época é chamada de “Era de Ouro” das histórias em quadrinhos, sendo o nacionalismo americano um dos temas centrais neles abordados.
Os quadrinhos abordam hoje assuntos cada vez mais complexos, desde o preconceito até a sexualidade e a vida em comunidade. Na contemporaneidade, as histórias em quadrinhos são consideradas uma obra de literatura, assim como o livro, e tem grande interesse e procura pelo público em geral, muito mais que seu antecessor literário. E como essa arte está em processo contínuo, as coisas relatadas tem ligação direta com o que vemos no mundo fenomênico atual.
As histórias em quadrinhos são um estande de visibilidade, que cativa o aluno assim como as balas e doces coloridos cativam as crianças. Esta forma de arte embeleza uma aula de filosofia, dando sentido à prática filosófica na vida. A maioria dos alunos, na atualidade, tem uma preferência pela leitura das histórias em quadrinhos, pois elas estão distribuídas não apenas nas bancas, mas também nos meios eletrônicos, como a internet, de forma totalmente gratuita.

Então, como poderemos trabalhar com as histórias em quadrinhos na sala de aula, envolvendo algum filósofo em sua discussão. Bem, começamos com um ilustre desconhecido das salas de aulas brasileiras, Erasmos de Rotterdam, com sua obra Elogio à Loucura, e um quadrinho muito conhecido, Sandman, de Neil Gaiman, mas precisamente, a edição 31 brasileira, ‘Três Setembros e Um Janeiro’.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

MAQUIAVEL e HOBBES se encontram em DEath NotE.


O anime Death Note foi produzido em 2006, pelo estúdio MadHouse, em cima do mangá escrito por Marsh. A história gira em torno de um caderno com a estranha capacidade de matar qualquer pessoa, sendo que o seu nome seja escrito nele. O caderno é encontrado por um estudante japonês chamado Light Yagami, que tem a estranha pretensão de matar criminosos para fazer uma justiça que conduza a sociedade para um caminho melhor.

Diferente dele aparece o investigador especial que se intitula unicamente de “L”. Sua visão de justiça se contrapõe de Light, pois para ele a justiça só está presente na lei do estado. “L” se torna o antagonista do Light, aquele que devota sua vida a encontrar o justiceiro ‘KIRA’, assim denominado pela sociedade que defende esses ideais. Light é Kira, e esse justiceiro deve ser levado à verdadeira justiça, segundo L.

Toda a história do anime poderia ser trabalhado nas aulas de filosofia, mas principalmente os temas envolvendo Ética. Aqui, descreverei um pouco o conceito de justiça, e onde ele se aplica nos personagens, seguindo dois grandes pensadores: Nicoló di Bernardo dei Machiavelli, ou Nicolau Maquiavel, e Thomas Hobbes de Malmesbury.

Primeiro, vejamos a justiça de Maquiavel.

Em uma passagem do livro ‘Príncipe’, Maquiavel coloca a seguinte inscrição em latim: iustum enim est bellum quibus necessarium et pia arma ubi nulla nisi in armis spes est. (cáp. XXVI)Usando a ajuda do Google Tradutor, temos o seguinte: ‘pois a batalha é apenas quando ela é forçada sobre nós; braços onde não há esperança, exceto nos braços’. Não dá pra entender direito ainda através desta frase.

Mas, vejamos uma outra frase que poderá dar mais sentido ao pensamento maquiavélico: (...) Um Príncipe não deve, pois, temer a má fama de cruel, desde que por ela mantenha seus súditos unidos e leais, pois que, com mui poucos exemplos, ele será mais piedoso do que aqueles que, por excessiva piedade, deixam acontecer as desordens das quais resultam assassínios ou rapinagens: porque esses costumam prejudicar a comunidade inteira, enquanto aquelas execuções que emanam do príncipe atingem apenas um individuo. (cáp. XVII)

Maquiavel tem em mente a força da justiça amparada em braços de um príncipe poderoso. É exatamente o pensamento de Light, que se considera o novo ‘deus’ deste novo ‘mundo’, o mais poderoso ser da terra. Light é um pretenso governante maquiavélico.

Já o personagem ‘L’ se contrapõe ao futuro deus. Sua busca é de levar Kira à justiça humana. Essa justiça se fundamenta em leis produzidas pelo grupo social. O que nos leva a outro grande filósofo político. Thomas Hobbes.

A justiça hobbessiana pode ser descrita com o seguinte fragmento do Leviatã: “(...) Portanto a justiça, isto é, o cumprimento dos pactos, é uma regra da razão, pela qual somos proibidos de fazer todas as coisas que destroem a nossa vida, e por conseguinte é uma lei de natureza.” (Cáp. XV). Bem, isso não se contrapõe ao ato de Light, pois ele não arrisca sua vida.

Creio que teremos que ver outros fragmentos.

O pacto é uma maneira de manter os homens ligados pelo poder da palavra. E “(...) a natureza da justiça consiste no cumprimento dos pactos válidos, mas a validade dos pactos só começa com a instituição de um poder civil suficiente para obrigar os homens a cumpri-los, e é também só aí que começa a haver propriedade.” (Cáp. XV).

Esta instituição é o poder do estado, o poder civil que é criado com a liberação de direitos naturais de cada ser humano para a vivência em sociedade, e o estado faz um pacto com cada ‘cidadão’ de manter a paz.

O estado define leis, e “(...) o roubo e a violência são injúrias feitas à pessoa do Estado” (Cáp. XV). É neste sentido que o estado pode punir. Com isso, ‘L’ tem o dever de manter esse pacto das leis, mandando o assassino serial a verdadeira justiça.

O anime passa por esta relação de justiças em um embate, pois nos colocamos ora em favor de Light e sua mudança social, e ora na busca de ‘L’ pela captura de Kira. A ideia de justiça em Maquiavel e Hobbes é apenas o pontapé inicial de discussão filosófica que esse anime proporciona. Muitas outras discussões poderão ser feitas, basta apenas deixar-se guiar na história.

O ANIME na Cultura Japonesa

 


Com a derrota do Japão na Segunda Guerra, muitos artistas deste país tiveram contato com a cultura ocidental, principalmente com histórias em quadrinhos e animações, importando para sua terra o jeito de produzir essas formas de artes. A animação é algo que os interessou muito, e tiveram grande evolução em sua nação. Depois de algum tempo, essas animações produzidas por eles criaram uma característica particular, como uma ‘personalidade’ própria em cada novo trabalho, e hoje podemos falar muito facilmente em animação ocidental e animação oriental, ou “anime”.

Hoje, esses animes tratam de temas cada vez mais complexos, fazendo pensar de perspectivas diferentes sobre determinados assuntos, como criando uma nova forma de ver criticamente nossa própria sociedade. Não existe, no ocidente, uma classificação definitiva entre desenhos infantis e desenhos adultos, mas no Japão, isso é prioridade, pois eles usam de uma linguagem diferente dependendo para qual publico será vinculada a obra.

Eu sempre gostei de anime. Acredito que o formato de anime é excelente para usar em sala de aula, pois a linguagem é dinâmica e de interesse da grande maioria dos alunos. Mas claro que depende do anime. Um anime bom, em minha opinião, para ser usado em aula, é Death Note.

Obs: Agradeço a minha amiga Franciele Blaszak pelo desenho, e por ter usado ele em meu blog sem a sua permissão. Desculpe, Fran...

 

quinta-feira, 24 de abril de 2014

POR QUE UniSAMERSLA




Olá, meu nome é Rodrigo Soares Samersla.

Em uma brincadeira com o amigo Ricardo Lavalhos Dal Forno, pelo extinto MSN, tive a ideia de criar uma universidade com o meu nome. Ele ficaria com a biblioteca Dal Forno.

Essa ideia, apesar de ser uma brincadeira, ainda estava na minha cabeça. Não vou ter falsa modéstia, pois ainda hoje eu quero colocar o meu nome em algo... então, acredito que o melhor lugar pra colocar meus nome por agora é um blog. E esse é o nome deste blog: UniSamersla.

Mas o que vou fazer neste blog? Como estou dando aula de filosofia na escola pública, nada melhor do que relatar algumas aulas aqui, alguns métodos usados e como eu abarquei questões filosóficas.

Será como um diário de classe, mas quero me focar mais em novos materiais a serem usados.

Então, seja bem vindo à UniSamersla.